CERTEZA

CERTEZA

(03 de fevereiro de 2019)

"Meu Deus, o que será que vai acontecer?" Pensou minha cunhada Cila, logo quando soube que estava grávida pela terceira vez. A situação não era favorável financeiramente e, embora sendo cristã, sabia das dificuldades que tivera nas gestações anteriores de Flavinho e Priscila. Foi fazer um exame no Hospital Universitário para ter certeza da gravidez, com esse sentimento de incerteza em relação ao futuro. Alguém abriu uma porta, disse e repetiu a frase em voz alta: "Deus proverá!". Aquela mensagem inundou o coração de minha cunhada com uma certeza inabalável de que o Senhor iria providenciar todas as coisas. Aquele mesmo sentimento de paz que brotou no coração do velho Abraão quando, indagado por seu filho Isaque acerca do cordeiro do sacrifício, no monte Moriá, respondeu pela primeira vez essa expressão: "Jeovah Jireh" (Deus proverá).
Cila saiu dali com a certeza de que Deus cuidaria de todas as coisas. "O nome dele será Abraão", não teve dúvida.
Era noite do dia 02 de fevereiro de 2012, quase madrugada do dia 03, voltávamos, eu e Cilene, de uma festa de casamento e passamos na casa de Cila e Eliel, onde deixamos nossos filhos pequenos. Ao ver Cila, notei seus pés inchados e ela já remansosa, embora ainda faltasse um mês para os nove da gestação. Ao sair da casa, voltei-me e proferi as seguintes palavras, sem ter a mínima pretensão de profetizar: "esse menino vai nascer ainda hoje!" . Sorrimos entramos no carro e tomamos destino para Serraria. Logo que chegamos, recebemos um telefonema de Cila, solicitando que voltássemos com urgência, porque estava sentindo dores de parto. Só fizemos deixar os meninos em casa e voltamos para Cruz das Almas a toda velocidade. Ao chegar a casa dela, vimos que também havia chegado com o carro Ailton (cunhado de Eliel), que já vinha conduzindo juntamente com Eliel Cila com a bolsa já estourada. Entraram no carro de Ailton Cilene, que foi no banco de trás, juntamente com as cunhadas de Cila (Helen e Helenice), Cila, que ficou no banco da frente e Ailton que dirigia o veículo. No meu carro, logo em seguida, fomos eu e Eliel. Fomos em direção a uma maternidade que ficava no Poço, perto do riacho Salgadinho. Quando já estávamos chegando ao local, Eliel recebeu um telefonema informando que o menino nasceu no carro.
"Está nascendo!", gritou Cila, meio que desesperada. Cilene, de um salto e sem explicação, foi para o espaço entre o banco e o painel do carro, no lado do passageiro. E ali, sem nada, sem equipamento adequado, apenas com o conhecimento e experiência de enfermeira que já fizera partos anteriores, recebe o pequeno Abraão e contempla o seu rosto, ouvindo o seu primeiro choro. Como não havia tempo, foram imediatamente para a maternidade Santa Mônica, recém reinaugurada, com quartos e equipamentos novos.
Chegamos eu e Eliel, ainda assustados sem saber direito o que havia acontecido. Fomos direto para a recepção da maternidade, onde fomos informados que a mãe e o bebê ainda estavam no carro, na área reservada para ambulância estacionar, quando há paciente de urgência. Eliel, ao ver a cena de longe, não quis nem se aproximar. Lembro-me que foi para a calçada e com as mãos para os céus clamava: "Deus, meu pai, tem misericórdia, abençoe meu filho e minha esposa!". O clamor se repetia em meio a lágrimas. Logo chegou um técnico já paramentado e com equipamentos esterilizados, cortou o cordão umbilical, tomou a criança nos braços e levou para os cuidados iniciais. A mãe foi levada também em seguida. Nós outros ficamos fora, ora chorando, ora rindo, agradecidos por tudo que acontecera e recobrando as forças.
Abraão Andrade hoje faz 17 anos e até aqui o Senhor tem provido tudo.

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