"UMA VEZ FLAMENGO, SEMPRE FLAMENGO..."


"UMA VEZ FLAMENGO, SEMPRE FLAMENGO..."


Era criança quando vi na TV o primeiro jogo do Flamengo. 
A referência de futebol para mim foi a seleção brasileira da Copa de 70 no México. Vi aqueles jogos históricos ao vivo pela TV preto e branco da titia Augusta, que morava ao lado esquerdo de quem desce a Ladeira do Calmon, em Bebedouro. Nossa casa ficava no outro lado, quase em frente a dela. 
Passada a Copa, eu e meu irmão Paulinho de vez em quando íamos para a casa de D. Dulce (acho que era esse nome) assistir a algumas partidas pela TV. Televisão era artigo de luxo naquele tempo. Além disso dizia-se nos púlpitos das igrejas ser coisa do Diabo, crente não podia ter não, mesmo se condições tivesse. 
A gente ficava na janela da sala se acotovelando com outros meninos para ver as partidas de futebol do campeonato nacional, transmitidas pela antiga e extinta Rede Tupi. Na verdade, pela repetidora do canal pernambucano.
A imagem não ajudava muito. Além de preta e branca, os chuviscos faziam com que muitas vezes não víssemos sequer a bola.
Lembro do primeiro jogo do Flamengo. Estranhei "as cores" do uniforme. Via-se na TV algo quase como uma zebra de cores escuras (o vermelho e preto apareciam em cores monocromáticas mais fechadas). Diferentes dos demais times que utilizavam cores mais bem definidas (Santos, Botafogo, Corinthians e - argh! - o Vasco que trazia uma faixa diagonal no uniforme, impossível de ser confundido com outro time), o uniforme do Mengo era meio chato de se ver na TV naquela época, pelo menos para mim.
Fui apresentado a craques como Rondinelli, Zanata, Doval, Fio (Maravilha), Liminha e outros. Mais tarde vieram Carpegianni, Cláudio Adão, Júnior e um tal de Zico que começou a jogar quase criança no time. Fiquei impressionado com a habilidade daquele garoto, apelidado por Jorge Cury de "Galinho de Quintino", subúrbio de origem do craque.
Vi muitos gols dele no Flamengo em preto e branco e depois em cores. Vi muitos outros na seleção também. Mas no Flamengo havia algo mágico. Ao bater falta na entrada da área, era quase um ritual que se repetia automaticamente: corria para a bola, chutava, via-a entrar na "gaveta" e corria para a torcida no lugar do escanteio, perto da geral do antigo Maracanã.
Tenho muitas imagens ainda na mente de jogos dos campeonatos cariocas, brasileiros, libertadores e do mundial em que se sagrou campeão (1981). Não sou um fanático, mas sou rubronegro. E como tal sempre o coração bate acelerado quando ouço "Uma vez Flamengo, sempre Flamengo..."

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