Postagens

Mostrando postagens de maio, 2020

DIÁLOGO

Diálogo (Maio/2018) Jeniffer Ariston, protagonista do filme Dizem por aí... (Humor has It) em um diálogo com seu pai: - Pai, por que nós somos tão diferentes? Eu dirijo como uma louca e o senhor dirige tão devagar... O pai respondeu, com ternura: - Filha, eu só dirijo devagar quando você está no carro. Fiquei pensando na profundidade da resposta, o quanto ela encerra o amor, o carinho e proteção paterna. Nesse momento, entrou no quarto Milleny, minha filha, de quase 12 anos. Achei interessante compartilhar com ela a cena recém vista, enfatizando o sentimento que o pai tem em relação a uma filha. Ela, parou por um instante, talvez tenha refletido um pouco e logo em seguida disparou: - Não esqueça de comprar meu livro paradidático. E saiu.

Sulamita

Imagem
Sulamita Não lembro em que momento ou circunstância passei a conhecer a Sula. Só lembro que em um determinado dia, a família Correia veio de Palmeira dos Índios e passou a morar em Maceió. A partir de então, como frequentávamos a mesma igreja, logo fiz amizade com todos: Sula, Sueli, Jairo, Júnior, Itinho e Jatiniel, esses dois últimos ainda bem crianças, à época. Sula era uma adolescente esguia, bastante  atraente, encantadora e muito comunicativa. Fazia amizade com muita facilidade. Alguns anos mais tarde, começou a namorar com o amigo Márcio Melânia que era dos garotos o mais calado, mas tinha seus encantos. Era inteligente, com jeito de intelectual, boa formação cristã, charmoso e fiel às amizades, qualidades que se mantêm até hoje. Não era o mais bonito, mas "desenrolou" e conquistou a garota. Casaram ainda novos e mantêm essa união há muito anos. Criaram filhos, superaram crises, servindo de exemplos a mim e a outros que convivem de perto. Admiro-os pelo que r...

OS MISERÁVEIS

Imagem
Os Miseráveis Vai aqui mais um "causo" contado por meu velho pai. Na verdade, uma anedota, só que, por ele, virava uma verdadeira estória: Dois "cumpades" estavam trabalhando fazendo uma roça. Um deles bateu com ema enxada em algo bastante duro. Depois que retirou da terra, percebeu que era uma lâmpada (tipo Aladim). O outro disse assim: - Cumpade, será que tem um gênio aí dentro, vamos esfregar pra ver se sai alguma coisa. Depois de algumas esfregadas, a lâmpada se acendeu e saiu um gênio de dentro dela. O gênio falou: - Vocês me libertaram dessa lâmpada na qual estive preso por milhares de ano. Agora  posso realizar qualquer desejo de vocês. Só que, como são dois, o primeiro que fizer o pedido vai fazer com que o segundo ganhe em dobro tudo que o primeiro pediu. O cumpade que havia achado a lâmpada, se virou pro outro cumpade disse: - Cumpade, peça o sinhô primeiro. O outro retrucou: - Que é isso, Cumpade, peça o sinhô, que foi quem achou a lâmpada. ...

RUA GENERAL HERMES, 874

Imagem
Rua General Hermes, 874 ( 22 de janeiro de 2019) Parei, ocasionalmente, na frente da casa n.º 874 da Rua General Hermes, no Bom Parto. Na verdade, naquele trecho, sempre pairava dúvida se já era o Bom Parto ou ainda era a Cambona. Na minha cabeça a Cambona somente iria até o Sesi. No trecho onde começava a antiga Brandini sempre achei que já era Bom Parto mesmo. Esse detalhe, porém, não era para ter importância para mim, exceto pelo fato de que, a contragosto, teria sido obrigado com minha família a sair da casa em que morávamos na Cambona para irmos morar no endereço mencionado no bairro contíguo. Fomos "expulsos" por causa de um desmoronamento da barreira que limitava o pequeno quintal da casa da Gazeta de Alagoas. Vi, assustado, junto com minha mãe, o monte de barro e vegetação descer, em meio a chuva, e invadir a cozinha, fazendo com que todos tivéssemos de sair correndo para a rua, evitando algo pior. Não havia mais condições de se morar naquele lugar...

RUBEM

RUBEM (30 de janeiro de 2019) Meu irmão Rubem sempre foi uma pessoa espirituosa e muito divertida. Por conta disso mesmo, nunca levou muito a sério o estudo e logo cedo saiu da escola e foi trabalhar. Já adulto, sentindo a necessidade de terminar pelo menos o primeiro grau, voltou a estudar em uma escola noturna. Certa vez, em uma aula de Gramática Portuguesa, a professora, depois de ter ensinado as regras básicas para identificar os elementos da oração (verbo, sujeito, objeto direto, indireto e outros te rmos), escreveu uma frase no quadro e chamou Rubem para sublinhar o sujeito. Ele, depois de um certo tempo olhando para o quadro, disse: - Sei não, professora. Ela, certa de que com a fórmula clássica de " perguntar ao verbo " (quem fez? quem comprou?, quem viajou?, quem foi?, ou o que caiu?, o que chegou? etc.) ele iria ter sucesso, sugeriu-lhe: - Faça a pergunta ao verbo! Meu irmão, prontamente, virou-se para lousa e perguntou bem alto: - Verbo, onde est...

CERTEZA

Imagem
CERTEZA (03 de fevereiro de 2019) " Meu Deus, o que será que vai acontecer ?" Pensou minha cunhada Cila, logo quando soube que estava grávida pela terceira vez. A situação não era favorável financeiramente e, embora sendo cristã, sabia das dificuldades que tivera nas gestações anteriores de Flavinho e Priscila. Foi fazer um exame no Hospital Universitário para ter certeza da gravidez, com esse sentimento de incerteza em relação ao futuro. Alguém abriu uma porta, disse e repetiu a frase em voz alta: " Deus proverá! ". Aquela mensagem inundou o coração de minha cunhada com uma certeza inabalável de que o Senhor iria providenciar todas as coisas. Aquele mesmo sentimento de paz que brotou no coração do velho Abraão quando, indagado por seu filho Isaque acerca do cordeiro do sacrifício, no monte Moriá, respondeu pela primeira vez essa expressão: " Jeovah Jireh " ( Deus proverá ). Cila saiu dali com a certeza de que Deus cuidaria de todas as coi...

PINTO? TÔ FORA

Pinto? Tô fora (24 de fevereiro de 2019) Estava pescando em plena sexta-feira à noite, na praia de Ponta Verde. Apesar da agitação na rua e na calçada, com inúmeras pessoas caminhando ou correndo ao longo da pista destinada para esse fim, a quietude da praia, iluminada pela lua quase cheia, só era interrompida pela conversa mantida de vez em quando com o amigo-irmão pescador Célio Junior Jr. e pela euforia de seu filho e sobrinho meu Lucas, que não sabia se pescava ou brincava com as ondas. Decorrido um certo tempo, note i a aproximação de um jovem rapaz (o que é comum, naquele ponto, principalmente em temporada turística), tentando "puxar" conversa. De cara, percebi ser uma " persona non grata ". Primeiro, quis "dar pitaco" na pescaria (nenhum pescador gosta disso). Começou dizendo que era melhor em outro lugar, depois quis ver de perto o equipamento, perguntando o preço de cada coisa (molinete, vara, suporte de vara etc.). Pensei: "q...

LAGOA MUNDAÚ

Imagem
Lagoa Mundaú (26 de fevereiro de 2019) Sempre pesquei na Lagoa Mundaú, em seu trecho final, no Pontal da Barra. Digo final, mas de fato, não sei se ali é o início, já que a lagoa é alimentada pela água do oceano também, nas marés cheias. Comecei a pescar ainda menino, no trecho que passa pelo Brejal, quando nem se sonhava em fazer o dique-estrada. Naquele tempo a lagoa ainda era saudável, embora já houvesse indícios de poluição naquele local. Depois, descobrimos a pesca no bairro do Pontal da Barra, no tempo em que tal bairro era apenas uma vila de pescadores e algumas pessoas que viviam do artesanato que hoje se proliferou como maior fonte de renda do bairro, além da exploração turística com passeios aquáticos e os restaurantes servindo o melhor da culinária alagoana. Comecei pescando no local da foto quando ainda funcionava ali perto o Campus Tamandaré, uma extensão da UFAL, com alguns cursos, principalmente o de Biologia. Depois, passou a ser sede do Detran e da S...

D. ALMERINDA - PARTE 2

Dona Almerinda (parte 2)  (15 de março de 2019) Para não ser repetitivo, fica valendo o mesmo intróito feito na crônica anterior (Dona Almerinda - parte 1). Em uma de suas idas à minha sala, ela entabulou uma conversa um pouco preocupada. Antes, faço questão de esclarecer que eu era membro da Assembleia de Deus do Farol, como já dito antes, onde conheci a Almerinda. Ocorreu, porém, que em meio ao ano de 1997, passei, juntamente com minha família, a frequentar outra comunidade cristã, a igreja à qual pertenço, Presbiteriana do Farol. Minha saída da Assembleia se deu mediante muita reflexão e oração, já que me encontrava totalmente dividido em minha mente quanto ao local em que devia ficar. O certo é que depois de um ano, sentimos sinais claros que devíamos seguir para a IPF, onde ainda hoje me encontro e desenvolvi, pela graça, os dons que Deus me deu. Não só a mim, mas também à minha esposa e filhos. Pois bem, depois de vender alguns docinhos, Almerinda revelou-me...

D. ALMERINDA - PARTE 1

Dona Almerinda (parte 1)  (15 de março de 2019) Dona Almerinda, na verdade, para os demais colegas de trabalho. Para mim, que a conheci quando eu ainda era criança, sempre foi (e será) Irmã Almerinda. Irmã, porque a conheci na igreja em que fui criado. Almerinda era uma mulher linda. Uma senhora solteirona, que aparentemente não tinha muita instrução. Era simples, muito amável e tinha uma voz maravilhosa. Cantava hinos antigos e fazia orações emocionantes e com muita fé. Era uma serva de Deus cheia do Espírito. Dona Almerinda se apresentou à Justiça Federal em Alagoas por meu intermédio. Desde que comparecera a uma audiência realizada em uma ação em buscava obter uma revisão de sua aposentadoria, procurou-me reservadamente querendo saber se podia trazer alguns doces que ela mesmo fabricava para vender aos colegas. A princípio, eu hesitei, mas como gostava muito daquela abençoada, corri o risco de dizer que sim, embora com o alerta de que havia uma determinação ...

PR. MANOEL PEREIRA

Imagem
Pr. Manoel Pereira (7 de maio de 2019)  O pastor Pereira era um homem de Deus.  Austero e firme em suas decisões.  Fiz minha profissão de fé com ele, quando tinha 12 anos. Era um mist o de temor e respeito que eu nutria por aquele servo do Senhor. Ao cruzar com ele no corredor da igreja, ele pouco falava, apenas com gesto de cabeça, enquanto andava, ele me saudava. Quando fiquei mais jovem, afastei-me do convívio dos irmãos e passei alguns anos sem frequentar à igreja, coisa que não foi muito bom para mim, pois, ao regressar, já perto dos 18 anos, percebi o quão distante andava... Decidi-me voltar à comunhão com Deus e com a igreja. Adentrei em uma certa manhã ao gabinete do pastor Pereira. Era um lugar sisudo, mas, ao mesmo tempo, refletia paz. Uma estante escurecida pelo tempo, repleta de livros, alguns quadros na parede, de igrejas na Bolívia, fotografias de pastores e missionários da Assembleia de Deus em Alagoas. Uma fotografia do próprio pa...

POESIA

Poesia (26 de maio de 2019) Para fazer poesia Não precisa estudar Não se vende no mercado Pois não tem onde comprar Esse dom maravilhoso Somente o Pai poderoso Que pode presentear Se você quer ser poeta Desculpe o que vou dizer Se não nasceu com esse dom Não adianta aprender Poesia vem de berço O seu valor tem um preço Que não se pode vender Eu já vi que um poeta Não precisa faculdade Mas vai na Filosofia, Passeia pela Verdade, Verseja com a Ciência Rimando com excelência Chorando com a saudade Um poeta verdadeiro Em tudo vê poesia Numa criança que chora, E a lua que alumia Uma choupana pequena Enquanto a mãe tão serena Espera o nascer do dia O homem vai pro trabalho Ainda de madrugada Antes de sair de casa Dá um beijo na amada De tarde, no fim do dia, Contempla com alegria Toda aquela meninada Senta na ponta da mesa "Pra mode" comer o pão Agradece ao Pai Amado Por aquela refeição Olha pra sua família, Verdadeira poesia Q...

A FONTE LUMINOSA

Imagem
A fonte luminosa (11 de junho de 2020) Quando criança, sempre que ia com minha mãe ao Centro de Maceió, era certeza pegar o ônibus de volta para Bebedouro na Praça dos Martírios. Havia dois motivos para isso: o primeiro era um motivo lógico, já que era ali, no começo da General Hermes, que o caminho para Bebedouro era quase uma reta, passando pela Cambona, Bom Parto, Mutange, ladeado boa parte do trajeto pela linha do trem, depois que esta cruzava a estrada na divisa desses últimos bairros, bem no acesso da Gruta do Padre; o segundo motivo era um capricho apenas. Geralmente, o retorno se dava por volta de cinco e meia, seis horas, quando a fonte luminosa da Praça dos Martírios começava a funcionar, e atraía os olhos principalmente das crianças que, enquanto viam o espetáculos das águas, podiam comer uma pipoca quentinha que era vendida numa moderna pipoqueira que fazia sucesso na época, instalada próximo ao ponto de ônibus do Farol. O show era imperdível. O b...

BODE X CARNEIRO

Imagem
BODE X CARNEIRO ( 1º de julho de 2019) Hoje almocei em União dos Palmares. Estava em viagem de retorno de Garanhuns, com meu filho Marquinhos, para onde levamos o outro filho Matheus e uma quase filha Bárbara Melânia , local que vão passar o mês de julho todo fazendo um curso (módulo) no Instituto Bíblico do Norte IBN. Pois bem, no retorno lembrei de ver um amigo (Jorge Torres) que é meu colega de Justiça Federal. Ao nos encontrarmos, prontamente me convidou para ir com ele almoçar no "Pimentel", restaurante famos o e de qualidade da cidade palmarina. "Vir em União e não ir no Pimentel é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa". Bem, nunca fui a Roma e nunca vi o Papa, mas o argumento me convenceu e prontamente, em poucos minutos estávamos os três no Pimentel. Escolhemos o cardápio, em meio a uma conversa como sempre muito bem agradável com os proprietário do estabelecimento. Com um pouco de decepção porque não pude me deliciar de um carneiro guis...

SEVERINO BARBEIRO

Imagem
Severino Barbeiro  (18 de julho de 2019) Sou careca. Ainda que tecnicamente não seja minha calvície considerada uma careca total, já estou acostumado a ser chamado de careca, seja por brincadeira, seja por maldade, ou mesmo pelo carinho dos amigos mais chegados que também, alguns deles, já o são. Isso não é, nunca foi e nunca será problema para mim. Ao contrário de meu pai, que sempre foi careca, pelo menos na minha visão. Desde criança que o enxergava careca e nunca o vi com a cabeleira que o enva idecia na juventude, exceto em fotos antigas. Para ele, a perda das madeixas foi um trauma. Até na velhice, ainda cultivava, sem muito sucesso, alguns fiozinhos que atravessavam de um lado para o outro, com o intuito de cobrir a calva. Não obstante ela, ia religiosamente ao barbeiro para "cortar" o cabelo e ajeitar o bigode todo mês. Quando esteve pastoreando a igreja Assembléia de Deus em Paulo Jacinto, fazia esse serviço na barbearia do Severino, profissional b...

DIA DO(A) AVÔ(Ó)

Dia do(a) avô(ó) ( 26 de julho de 2019) Não conheci minhas avós. Quando nasci uma (a materna) já era falecida e a outra (a paterna) morreu quando eu era ainda bebê. Mas tive a grata satisfação de conhecer meus dois avôs. Vovô Manuel Miguel faleceu quando eu tinha 6 anos, mas ainda me lembro dele contando causos e cantando coco que ele mesmo compunha (já publiquei aqui mesmo uma crônica sobre isso, pode procurar que vai achar). Lembro-me de que ele faleceu com uma doença que, ao que tudo indica, e ra Demência de Alzheimer, não tão conhecida no final da década de 60, pelo menos por aqui. Certa vez, quando já perto de sua partida, teve um sonho e, ao contá-lo às filhas, todas tiveram certeza de que não demoraria muitos dias conosco. Chamou a filha Bezinha e falou: - Bezinha, eu tive um sonho ontem muito bonito . Sonhei que estava na estação do trem e aí chegava um trem com muita gente, todos vestiam roupas brancas e estavam todos sorrindo, com muita alegria...

SONHADOR

Sonhador (09 de setembro de 2019) Eu sou um sonhador. Tanto no sentido estrito da palavra como em seu sentido amplo, eu sou. Aspiro por coisas novas todos os dias, sonho em fazer viagens, conhecer lugares novos e pitorescos, não comuns, mas exóticos. Sonho em aprender a surfar, embora a idade e esposa não me sejam favoráveis à ideia. Anseio aprender a tocar piano, plano que, finalmente, neste ano, comecei a por em prática e estou bastante motivado a levá-lo adiante. Mas, como disse, também sonho so nhos mesmo, isto é, sonhos que temos enquanto dormimos. Eu os tenho com frequência. E creio que os meus são... diria... viscerais (se é que se pode adjetivar um sonho como visceral, mas foi a palavra que me ocorreu agora). Tentarei explicar nas linhas que seguem. Já tive sonhos com pessoas ou lugares que nunca as/os vi em vida real. Depois de algum tempo passo a conhecer, como em um "dejavu". Certa vez, fui ao Recife e precisei ir ao IPSEP, levar em casa uma garo...

11 de Setembro

11 de Setembro (11 de setembro de 2019) Depois daquele 11 de setembro minha vida nunca mais foi a mesma. Trago na mente cada detalhe daquele dia que, com toda certeza, mudou o rumo da minha história. Fui dormir na noite do dia 10 como uma noite qualquer, sem saber o que me esperava na manhã seguinte. Acordei-me logo cedo chacoalhado por Cilene que me dizia que algo estava acontecendo. Surpreendido, como todo o ser humano que passa por uma experiência semelhante, fiquei atônito sem saber o que fazer. Porém, com os fatos que se sucederam, tive certeza de que estávamos diante de uma situação inédita. Lembro-me que fiz uma ligação telefônica e, mesmo assustado diante do acontecimento, tive condições de agir com calma e serenidade, tentando ajudar minha esposa que também ficara nervosa diante dos fatos. Daquele acontecimento em diante pude perceber o quão limitado o ser humano é e certamente passei a ver a vida com outros olhos. Passei a enxergar as pessoas com outra per...

MATHEUS HENRIQUE DE SOUZA AMÂNCIO - PARTE FINAL

Matheus Henrique de Souza Amâncio - parte final (6 de outubro de 2019)   Cilene foi pelo corredor, eu segurando sua mão até a entrada do centro cirúrgico. As lágrimas descendo dos meus e dos olhos dela. Ainda deu tempo de eu lhe dizer baixinho no ouvido enquanto beijava sua testa: "vai dar tudo certo". Fiquei na antessala na companhia de meu sogro e meu irmão Silas e minha cunhada Vanilza que tentavam me animar enquanto eu só pensava na cirurgia. Lá no íntimo, cantava um hino antigo: "Mestre o mar se revolta As ondas nos dão pavor O céu se reveste de trevas Não temos um salvador Não se te dá que morramos Podes assim dormir? Se a cada momento nos vemos Já prestes a submergir As ondas atendem ao meu mandar Sossegai Seja o encapelado mar A ira dos homens, o gênio do mal Tais águas não podem a nau tragar Que leva o Senhor rei do céu e mar Pois todos ouvem o meu mandar Sossegai, Sossegai Convosco estou para vos salvar Sim, Sossegai" ...

MATHEUS HENRIQUE DE SOUZA AMÂNCIO - PARTE 3

Matheus Henrique de Souza Amâncio - parte 3 (6 de outubro de 2019) Entramos no carro, era cerca de cinco e meia da tarde. Tomamos a Fernandes Lima em direção à Clínica de Fraturas e Reabilitação, no Poço, para encontrar a ginecologista que havia autorizado o exame. Em tempos sem celulares e sem internet as coisas eram mais difíceis. A incerteza de que encontraríamos a médica no hospital, de que haveria um UTI neonatal disponível em algum hospital de Maceió, o trânsito que não estava fácil naquele dia, tudo isso fe z com que Cilene desabasse num choro ao meu lado no carro. "Meu Deus, não deixe eu perder meu filho..." Eu, também assustado, tentava acalmar Cilene. "Filha, fique calma, vai dar tudo certo, não chore, mantenha a calma que é melhor". Eu mesmo tremia que só. Graças a Deus, a médica estava lá. Estava fazendo uma cirurgia que ainda iria demorar uns quarenta minutos. Uma eternidade para nós. Terminada a cirurgia, a Dra. Tânia viu o resultado d...

MATHEUS HENRIQUE DE SOUZA AMÂNCIO - PARTE 2

Matheus Henrique de Souza Amâncio - parte 2 (6 de outubro de 2019) Era manhã do dia 6 de outubro de 1993, estávamos em outra ultrassom. Coisa de rotina, já que ainda faltava um mês para os nove da gestação a termo. Vimos as imagens e ouvimos os comentários da médica que fazia aquele exame, transmitindo para sua assistente algumas informações. De repente vimos o seu semblante mudar e ficar totalmente séria. Ao concluir o exame, enquanto ainda limpava com um toalha de papel o gel que espalhara na barriga da Cilene, p erguntou: - Você pode ver sua ginecologista ainda hoje? - Não estou agendada para hoje, mas para próxima semana - respondeu Cilene, já com preocupação. E completou - algum problema, doutora? Ela disse: - Não tenho muita certeza, mas percebi, durante o exame que enquanto você tinha uma contração, o coraçãozinho do bebê teve uma alteração. Pode não ser nada, mas pode ser um problema sim. Naquela mesma manhã, tivemos o resultado da ultrassom em mãos e fomos ...

MATHEUS HENRIQUE DE SOUZA AMÃNCIO - PARTE 1

Matheus Henrique de Souza Amâncio - parte 1 (6 de outubro de 2019) Cilene estava grávida de 4 meses e havia ido comigo fazer (ela) uma ultrassonagrafia.  Soubemos naquele dia que iríamos ser pais de um (outro) menino. Já estávamos cogitando o nome da criança. Se fosse mulher, pensávamos em Júlia, Amanda, Jennifer... Se fosse homem, tínhamos em mente Lucas, Matheus, Paulo ou outro nome bíblico. Como era moda um segundo nome (a exemplo do que colocamos no primeiro filho - Marcos Vinnícius), já sabíamos que o segundo nome seria Henrique. Saímos da clínica em direção ao meu trabalho. Enquanto dirigia o carro, Cilene ficava escrevendo algumas combinações, sempre consultando um exemplar do "livro dos nomes" que já estava conosco há quase dois anos. "Paulo Henrique"... "É bonito, mas não soa muito bem o 'luen'...". "Pedro Henrique"... "muito forte o significado, principalmente quando agregados os dois..." "Que...

ERA NÁRNIA

Imagem
ERA NÁRNIA (12 de outubro de 2019, dia da criança)   Milleny entra no guarda-roupa e fica gritando:  - Papai, papai, papai. Eu, já sabendo que era ela, ouvindo os gritos meio abafados, e também sem muito a fim de brincar, respondi: - Mimi, eu sei que você está no guarda-roupa... Ela saiu do meio das roupas um tanto frustrada. E foi logo dizendo. - Não era o guarda-roupa. Era Nárnia. E desceu emburrada. Minha doce criança.

SINAL FECHADO

Imagem
SINAL FECHADO (6 de novembro de 2019)     Parei num semáforo e observei que se dirigia à janela do carro um senhor já de certa idade. Um pedinte. Com uma roupa maltrapilha, barba longa e embranquecida. Com um aspecto de que estava bêbado àquela hora do dia. Compadeci-me dele. Peguei duas moedas de 1 real, baixei o vidro enquanto ouvia a pessoa que estava no assento do carona dizer "ele vai tomar de cachaça". O velho estendeu a mão e pegou as moedas. Eu caí na besteira de perguntar: - O que o senhor vai fazer com esse dinheiro? Ele, olhando pra esmola recebida, cravou-me em seguida um olhar bem sincero e respondeu com outra pergunta - Com isso aqui? O que que se pode fazer com 2 reais? O sinal abriu eu fui foi embora...

Caiu, mas caiu bonito

Caiu, mas caiu bonito.  (2 de dezembro de 2019)   Essa frase foi por mim utilizada em muitas ocasiões em que meus filhos, ainda pequenininhos, sofriam alguma queda e corriam para meus braços chorando. Quase sempre era mais o susto. Certa vez, tentando amenizar o "sofrimento", me dirigi a um deles (não lembro agora se foi Marcos Amâncio ou Matheus Amâncio ): - Filho, vc caiu, mas caiu bonito, não foi feio não. Ele, mesmo com lágrimas ainda saindo pelo canto dos olhos, engoliu o choro e disse: - Foi bonito mesmo, num foi pai? - Foi sim, filho - dei uma olhada no joelho para ver se tinha alguma coisa mais séria, um beijo na cabeça - volte a brincar, nas cuidado... Ele saiu e continuou correndo como se nada tivesse acontecido. Sempre que acontecia algo parecido, lá vinha a frase "caiu bonito...". Portanto, azulinos, nada de choro. O CSA caiu, mas caiu bonito. Bateu em vários times grandes, foi ousado, foi valente. Perdeu, mas lutou com fibra. Deu t...

SALMO 23 METRIFICADO

SALMO 23   (Aos ministros de música. Metrificado, na melodia da canção Rude Cruz) O SENHOR É O MEU PASTOR NADA ME FALTARÁ EM SEUS PASTOS ME FAZ REPOUSAR AO SEU RIO DE AMOR ME CONDUZ O PASTOR MANSAMENTE EU VOU DESCANSAR Refrão 1 O SENHOR REFRIGERA MEU SER EM JUSTIÇA ME FIRMA O ANDAR POR AMOR DE SEU NOME FIEL MEU VIGOR ELE VEM RESTAURAR MESMO QUANDO EU ANDAR EM UM VALE DE HORROR MAL ALGUM EU NÃO HEI DE TEMER POIS COMIGO ESTARÁ PARA ME PROTEGER SEU CAJADO ME CONSOLARÁ Refrão 2 O MEU CÁLICE FAZ TRANSBORDAR SOBRE MIM SUA UNÇÃO VAI DESCER EM SUA CASA IREI HABITAR TODO DIA, ENQUANTO EU VIVER

Professor Julio

Imagem
Marcos e Matheus estudaram no antigo e extinto Colégio Batista, quando crianças. Lá, tiveram oportunidade de fazer alguns esportes, dentre eles, fizeram judô. O professor era um argentino chamado Julio (pronuncia-se com som de r como quase todo j no espanhol). O prof. Julio era um "gigante". Era enorme. Mas era muito amável com as crianças. Certo dia, houve um campeonato no CBA e, nesse dia, iria haver uma apresentação das crianças menores, ainda na escolinha do judô. Foi uma tarde bastante agradável principalmente para os pais que ali estavam com suas câmeras registrando tudo. Antes das competições, foram colocadas as crianças para "lutarem" entre si. Claro que era mais uma simulação do que uma luta mesmo, embora elas estivessem levando a sério. Lembro-me que Matheus estava bastante ansioso para "estrear" no tatame, principalmente porque sabia que havia uma "torcida" na arquibancada. Depois de algumas lutas/apresentações, chego...

MÊS DE MAIO

MÊS DE MAIO O mês de maio é um mês saudoso para mim.  Nele, além do Dia das Mães, em nossa família comemoramos o aniversário de papai (dia 9), de mamãe (dia 12), da Tereza  (13) e Silas (23). Nem precisa dizer que quando estávamos todos juntos era uma verdadeira festa. Quase sempre coincidia o segundo domingo do mês com o aniversário de alguém, exceto o do Silas, que já descamba pro fim do mês. O último domingo em que comemoramos o Dia das Mães todos juntos foi há muito tempo, ainda na Rua Teixeira Bastos, 690, no Prado. A casa era simples mas era aconchegante. Os filhos casados iam chegando aos poucos com suas famílias, deixando a casa barulhenta e agitada. Nós parecíamos um bando de italianos, falando todos ao mesmo tempo, assuntos nem sempre correlatos. Geralmente se ouvia o som de um cavaquinho acompanhado por um harmônico som de violão, tocados, respectivamente, por Rubem e Paulinho. Ouvia-se, meio desconexo com o ritmo da música, a batida de uma bola jogada por Netinh...

"UMA VEZ FLAMENGO, SEMPRE FLAMENGO..."

Imagem
"UMA VEZ FLAMENGO, SEMPRE FLAMENGO..." Era criança quando vi na TV o primeiro jogo do Flamengo.  A referência de futebol para mim foi a seleção brasileira da Copa de 70 no México. Vi aqueles jogos históricos ao vivo pela TV preto e branco da titia Augusta, que morava ao lado esquerdo de quem desce a Ladeira do Calmon, em Bebedouro. Nossa casa ficava no outro lado, quase em frente a dela.  Passada a Copa, eu e meu irmão Paulinho de vez em quando íamos para a casa de D. Dulce (acho que era esse nome) assistir a algu mas partidas pela TV. Televisão era artigo de luxo naquele tempo. Além disso dizia-se nos púlpitos das igrejas ser coisa do Diabo, crente não podia ter não, mesmo se condições tivesse.  A gente ficava na janela da sala se acotovelando com outros meninos para ver as partidas de futebol do campeonato nacional, transmitidas pela antiga e extinta Rede Tupi. Na verdade, pela repetidora do canal pernambucano. A imagem não ajudava muito. Além de preta e br...

UMA PASTA DE COURO

UMA PASTA DE COURO Quando estava na faculdade, usava uma pasta de couro cru, tipo executivo. Fazia sucesso na época. Pelo menos eu me achava o máximo, portando-a nos corredores da Ufal, entre os blocos do CCSA, Cetec e "São José", este último era uma referência a um colégio da Capital frequentado, à época, apenas por mulheres - a maioria das aulas do "São José" era dos cursos de Nutrição, Serviço Social e Comunicação, geralmente procurados pela mulherada, daí a origem do apelido do bloco (não sei se ainda o chamam assim). Voltemos à pasta. Certo dia, depois de usá-la por um bom tempo, olhei para ela e me senti ridículo carregando-a. Hesitei por alguns dias em usá-la, mas, como ainda era funcional para levar os livros, cadernos e códigos, mantive-a como companheira até o fim do período daquele curso de Contabilidade - tablets, smartfones e celulares seriam muito bem vindos naquele tempo, se existissem. Terminado o período, na verdade o curso, porque se...